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Conheça a Serra da Barriga

Oca Indígena. Foto: Philipe Medeiros.

Oca Indígena. Foto: Philipe Medeiros (Projeto Alagoas)


Serra Barriga, localizada na cidade de União dos Palmares em Alagoas, é considerada símbolo da resistência negra brasileira, pois durante quase 100 anos abrigou o maior quilombo do país, o Quilombo dos Palmares.

O quilombo foi formado no século XVII, pelas pessoas escravizadas que conseguiram fugir dos engenhos em busca da libertação das condições exploratórias que viviam. Sua população chegou a ter, segundo historiadores, 30 mil habitantes no ápice de sua organização social e política.

As fugas foram tantas que o quilombo acabou sendo organizado em 10 mocambos. O território tinha por volta de 200km² e se estendia desde as margens do Rio São Francisco em Alagoas até Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco.

Houve grandes líderes do Quilombo dos Palmares: Aqualtune, Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. Dandara, mulher de Zumbi, foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa do quilombo.

A sobrevivência dos quilombolas vinha da pesca, caça e plantação de milho, banana, feijão, mandioca, laranja e cana-de-açúcar. As mulheres faziam artesanato com cerâmica, tecido e palha para vender para às populações vizinhas.

Alguns espaços são associados às atividades religiosas, como os espaços “campo santo” (onjó cruzambê) e “lagoa encantada dos negros e gameleira sagrada (irocô). Outros representam práticas cotidianas que foram assimiladas do povo indígena e incorporadas à cultura afro-brasileira, como por exemplo as ocas e a casa de farinha (onjó da farinha).

Os mocambos, normalmente, recebiam o nome de suas lideranças e possuíam autonomia própria; além disso, seus líderes faziam parte do Conselho dos Maiorais. A terra era um bem coletivo.

As atividades de pesca, coleta de frutos e plantio de raízes e cereais eram coordenadas pelo líder do mocambo, que distribuía os alimentos para todos os habitantes daquela localidade. O excedente era negociado com as populações que residiam próximas aos mocambos ou moravam nos engenhos.

Segundos historiadores, a grande quantidade de palmeiras deram origem ao nome “Palmares”. A região é rica em recursos naturais, principalmente o hídrico composto de nascentes que alimentam um açude e uma lagoa.

Lagoa dos Negros é um dos lugares sagrados da Serra, onde os religiosos de matriz africana realizam rituais.

Os valores simbólicos da Serra, como lugar referencial às manifestações culturais relacionadas à religiosidade, às expressões e às celebrações, ultrapassam as fronteiras desse território dando voz a grupos sociais, especialmente o de negros e afrodescendentes.

PARQUE MEMORIAL QUILOMBO DOS PALMARES

Com a mobilização de grupos de ativistas e de estudiosos, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares foi implantado em 2007, em um platô (área plana) do alto da Serra da Barriga. O local foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985 e em 2017 pelo Mercosul.

Os equipamentos expográficos do Parque foram projetados com liberdade poética contemporânea, a partir de relatos históricos ou referenciados por arquiteturas africanas.

A edificações com paredes de taipa, cobertas de palha e o piso feito de terra batida, além da implantação de ocas indígenas, reforçam os referenciais multiculturais de Palmares, como a ancestralidade de ocupação territorial também pelos povos indígenas.

Além disso, há espaços para apresentações culturais e mirantes para a contemplação da belíssima vista.

Fonte e saiba mais:

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Dossiê de Candidatura da Serra da Barriga, Parte Mais Alcantilada – Quilombo dos Palmares a Patrimônio Cultural do MERCOSUL / Candice dos Santos Ballester … [et al.] ; Marcelo Brito, coordenador ; Candice dos Santos Ballester, Greciene Lopes dos Santos, organizadoras ; Aruã Lima … [et al.], colaboradores ; Fidelity Translations LTDA, tradutor. – São Carlos : Editora Cubo, 2017.